A Sala Brasileira mudou de endereço e está à espera de sua visita:
http://salabrasileira.com/
Sala Brasileira
Descrição de pessoas
FÍSICA:
- é alto / alta
- é baixo / baixa
- é magro / magra
- é gordo / gorda (está acima do peso)
- é jovem (novo / nova)
- é idoso / idosa (velho / velha)
- é moreno / morena
- é loiro / loira
- é ruivo / ruiva
- é grisalho / grisalha
- tem cabelo curto / comprido
- tem cabelo liso / encaracolado
- não tem cabelo / calvo ou careca
- tem barba, bigode, cavanhaque, costeletas
- usa óculos / usa aparelho nos dentes
- é bonito / bonita (feio / feia)
- é elegante
- é destro / destra
- é canhoto / canhota
PSICOLÓGICA:
- é simpático / simpática
- é antipático / antipática
- é engraçado / engraçada
- é sem graça
- é tímido / tímida
- é falante ou extrovertido / extrovertida
- é inteligente
- é divertido / divertida
- é sério / séria
- é alegre
- é depressivo (está sempre pra baixo)
- é alto / alta
- é baixo / baixa
- é magro / magra
- é gordo / gorda (está acima do peso)
- é jovem (novo / nova)
- é idoso / idosa (velho / velha)
- é moreno / morena
- é loiro / loira
- é ruivo / ruiva
- é grisalho / grisalha
- tem cabelo curto / comprido
- tem cabelo liso / encaracolado
- não tem cabelo / calvo ou careca
- tem barba, bigode, cavanhaque, costeletas
- usa óculos / usa aparelho nos dentes
- é bonito / bonita (feio / feia)
- é elegante
- é destro / destra
- é canhoto / canhota
PSICOLÓGICA:
- é simpático / simpática
- é antipático / antipática
- é engraçado / engraçada
- é sem graça
- é tímido / tímida
- é falante ou extrovertido / extrovertida
- é inteligente
- é divertido / divertida
- é sério / séria
- é alegre
- é depressivo (está sempre pra baixo)
"No Brasil fala-se português com açúcar"
Este vídeo vai para os pais e mães brasileiros vivendo no exterior, fala sobre a importância de manter o português como língua de herança para os filhos.
Um bonito trabalho da organização Brasil em Mente, de NY:
http://www.brasilemmente.org/brazil-com-s.html
Um bonito trabalho da organização Brasil em Mente, de NY:
http://www.brasilemmente.org/brazil-com-s.html
Um mesmo país e tantos sotaques!!!!
Uma série de vídeos feitos pela rede Globo, a partir da elaboração do Atlas Linguístico do Brasil:
http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/08/sotaques-do-brasil-desvenda-diferentes-formas-de-falar-do-brasileiro.html
http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/08/sotaques-do-brasil-desvenda-diferentes-formas-de-falar-do-brasileiro.html
Cotidiano - Chico Buarque
A canção Cotidiano foi escrita por Chico Buarque em 1971, em plena época da ditadura militar no Brasil.
Onze ruas do Rio com nomes bizarros
Não sei se exatamente bizarros, talvez apenas curiosos:
http://oglobo.globo.com/rio/bairros/onze-ruas-do-rio-de-janeiro-com-nomes-bizarros-14553352
http://oglobo.globo.com/rio/bairros/onze-ruas-do-rio-de-janeiro-com-nomes-bizarros-14553352
Estou com...
... saudade.
... frio.
... calor.
... fome.
... sede.
... sono.
... preguiça.
... pressa.
... alguém.
... vontade de estudar português! ;-)
... frio.
... calor.
... fome.
... sede.
... sono.
... preguiça.
... pressa.
... alguém.
... vontade de estudar português! ;-)
Brasil - que país é esse?
Alguns dados sobre o Brasil:
área: 8.514.215 km2
população: mais de 200 milhões de habitantes (segundo o ibge)
O Brasil faz fronteira com todos os países da América do Sul, com exceção do Chile e do Equador:
O país é formado por 26 estados e um distrito federal (onde fica Brasília, a capital do país).
Cada estado é formado por municípios e uma capital.
No total, há no Brasil 5.570 municípios.
O país também está dividido em cinco regiões geográficas (não são divisões políticas ou administrativas):
Oi. Posso ajudar?
Um vendedor (?!) consegue o telefone da atriz Cléo Pires.
Propaganda das sandálias Hawaianas com puro sotaque carioca.
Que palavras no comercial soam diferente do sotaque paulistano?
http://youtu.be/ZkkMcQcHETY
Propaganda das sandálias Hawaianas com puro sotaque carioca.
Que palavras no comercial soam diferente do sotaque paulistano?
http://youtu.be/ZkkMcQcHETY
"Vai, Brasil", de Alexandra Lucas Coelho
Literatura de viagem.
Alexandra, escritora portuguesa, descreve suas experiências em terras brasileiras.
Uma visão realista, ao mesmo tempo que apaixonada, em uma escrita preciosa.
Seus livros anteriores, que ainda não li, também são relatos de viagens: Caderno afegão, Viva México e Tahrir.
Alexandra, escritora portuguesa, que agora vive no Rio de Janeiro...
Por que será?
Bom, para saber, será preciso ler o livro... ;-)
Alexandra, escritora portuguesa, descreve suas experiências em terras brasileiras.
Uma visão realista, ao mesmo tempo que apaixonada, em uma escrita preciosa.
Seus livros anteriores, que ainda não li, também são relatos de viagens: Caderno afegão, Viva México e Tahrir.
Alexandra, escritora portuguesa, que agora vive no Rio de Janeiro...
Por que será?
Bom, para saber, será preciso ler o livro... ;-)
Países
USO DE ARTIGO MASCULINO:
o Brasil
o Canadá
o Chile
o Equador
os Estados Unidos
o Japão
o México
o Paraguai
o Peru
o Uruguai
exemplos:
O Brasil fica na América do Sul.
Eu sou do Brasil. (DE + O)
São Paulo é no Brasil. (EM + O)
O Rio de Janeiro também é no Brasil.
Barack Obama é o presidente dos Estados Unidos. (DE + OS)
USO DE ARTIGO FEMININO:
a Alemanha
a Argentina
a Austrália
a Bélgica
a Bolívia
a China
a Colômbia
a Coreia
a Espanha
a Grécia
a Holanda
a Inglaterra
a Itália
a Rússia
a Suíça
a Turquia
a Venezuela
continentes: a África, a América do Norte, a América do Sul, a Ásia, a Europa
exemplos:
A Espanha fica na Europa. (EM + A)
Vocês são da Espanha. (DE + A)
NÃO USAM ARTIGO:
Cuba
Israel
Portugal
nomes de cidades, em geral.
exemplos:
Lisboa é em Portugal.
Eu gosto muito de Portugal.
Minha prima está em Israel a passeio.
Eu vivo em Madrid.
o Brasil
o Canadá
o Chile
o Equador
os Estados Unidos
o Japão
o México
o Paraguai
o Peru
o Uruguai
exemplos:
O Brasil fica na América do Sul.
Eu sou do Brasil. (DE + O)
São Paulo é no Brasil. (EM + O)
O Rio de Janeiro também é no Brasil.
Barack Obama é o presidente dos Estados Unidos. (DE + OS)
USO DE ARTIGO FEMININO:
a Alemanha
a Argentina
a Austrália
a Bélgica
a Bolívia
a China
a Colômbia
a Coreia
a Espanha
a Grécia
a Holanda
a Inglaterra
a Itália
a Rússia
a Suíça
a Turquia
a Venezuela
continentes: a África, a América do Norte, a América do Sul, a Ásia, a Europa
exemplos:
A Espanha fica na Europa. (EM + A)
Vocês são da Espanha. (DE + A)
NÃO USAM ARTIGO:
Cuba
Israel
Portugal
nomes de cidades, em geral.
exemplos:
Lisboa é em Portugal.
Eu gosto muito de Portugal.
Minha prima está em Israel a passeio.
Eu vivo em Madrid.
Língua = atum ?
"Língua, ao contrário de atum, não se congela."
Jaime Pinsky. http://www.jaimepinsky.com.br/site/main.php?page=artigo&artigo_id=183
Jaime Pinsky. http://www.jaimepinsky.com.br/site/main.php?page=artigo&artigo_id=183
Velocidade
Exemplo de poesia concreta, de Ronaldo Azeredo.
O concretismo foi um movimento literário de vanguarda, que, no Brasil, começou em 1956.
Insistindo no fim do verso e da poesia intimista, a poesia concreta experimenta e brinca com formas e cores, decompondo as palavras, em uma tentativa de ressignificá-las.
Especialmente para a Marta: galego X português
Primeiro uma explicação em espanhol sobre algumas diferenças fonéticas básicas entre o galego e o português:
Agora, uma conversa divertida entre uma galega e um brasileiro e as confusões causadas por algumas diferenças lexicais e fonéticas:
Essa outra conversa mostra, ao contrário, como é possível um galego e um brasileiro conversarem e entenderem-se de forma natural:
Os dias da semana
O português é uma das únicas línguas latinas que não conserva os nomes "pagãos" dos dias da semana, em que cada dia era dedicado a um astro ou um deus mitológico:
Entre os anos 572 e 574, São Martinho de Dume e de Braga escreveu um texto chamado De correctione rusticorum (Da correção dos rústicos, em português), em que pretendia alertar os cristãos contra as superstições populares da época. A partir daí, a língua portuguesa incorpora os nomes dos dias da semana usados no latim litúrgico, com exceção do sábado e do domingo, já incorporados durante a Reforma do Calendário Romano, por Constantino I, no ano 321.
Portanto, em português os dias da semana são:
DOMINGO
SEGUNDA-FEIRA (ou só SEGUNDA)
TERÇA-FEIRA (ou só TERÇA)
QUARTA-FEIRA (ou só QUARTA)
QUINTA-FEIRA (ou só QUINTA)
SEXTA-FEIRA (ou só SEXTA)
SÁBADO
Latim I | Latim II | Significado | Latim litúrgico I | Latim litúrgico II |
---|---|---|---|---|
dies solis | solis dies | dia do Sol | prima feria | feria prima |
dies lunae | lunae dies | dia da Lua | secunda feria | feria secunda |
dies martis | martis dies | dia de Marte | tertia feria | feria tertia |
dies mercurii | mercurii dies | dia de Mercúrio | quarta feria | feria quarta |
dies iovis | iovis dies | dia de Júpiter | quinta feria | feria quinta |
dies veneris | veneris dies | dia de Vênus | sexta feria | feria sexta |
dies saturni | saturni dies | dia de Saturno | septima feria | feria septima |
Entre os anos 572 e 574, São Martinho de Dume e de Braga escreveu um texto chamado De correctione rusticorum (Da correção dos rústicos, em português), em que pretendia alertar os cristãos contra as superstições populares da época. A partir daí, a língua portuguesa incorpora os nomes dos dias da semana usados no latim litúrgico, com exceção do sábado e do domingo, já incorporados durante a Reforma do Calendário Romano, por Constantino I, no ano 321.
Portanto, em português os dias da semana são:
DOMINGO
SEGUNDA-FEIRA (ou só SEGUNDA)
TERÇA-FEIRA (ou só TERÇA)
QUARTA-FEIRA (ou só QUARTA)
QUINTA-FEIRA (ou só QUINTA)
SEXTA-FEIRA (ou só SEXTA)
SÁBADO
Sinal fechado
Várias interpretações da música "Sinal fechado", composição de 1969 de Paulinho da Viola (nascido no Rio de Janeiro em 1942).
Acompanhe cada vídeo com a letra da música. Qual das versões você prefere? Consegue perceber diferenças no sotaque de cada um dos intérpretes? E na letra da música, percebe alguma mudança?
Chico Buarque e Maria Bethânia: https://www.youtube.com/watch?v=OLRE1MIXh24
Elis Regina: http://youtu.be/tg5Cd63MJ5A
Paulinho da Viola: http://youtu.be/IEUPH1A7YkM
Emicida: http://youtu.be/wz_i9nuA-8E
Acompanhe cada vídeo com a letra da música. Qual das versões você prefere? Consegue perceber diferenças no sotaque de cada um dos intérpretes? E na letra da música, percebe alguma mudança?
Chico Buarque e Maria Bethânia: https://www.youtube.com/watch?v=OLRE1MIXh24
Elis Regina: http://youtu.be/tg5Cd63MJ5A
Paulinho da Viola: http://youtu.be/IEUPH1A7YkM
Emicida: http://youtu.be/wz_i9nuA-8E
Do galego ao português...
"[...] por volta do ano 1000, as línguas românicas mais prestigiosas da península ibérica eram o galego, o leonês, o asturiano, o castelhano e o aragonês, todas faladas ao norte, nos Montes Cantábricos ou nos Pirineus. Essas variedades se impuseram a outras línguas vizinhas, que desapareceram, e, em sua expansão para o sul, acabaram por suplantar também o moçárabe, a língua falada pelos cristãos que lá viviam, no território dominado pelos árabes. Os movimentos de Reconquista também consolidaram as monarquias que os comandaram; um dos efeitos disso foi a foramação de estados fortes, cujo centro geográfico foi-se deslocando progressivamente para o sul. No caso específico de Portugal, isso resultou na transferência da capital do Estado português da cidade do Porto para a cidade de Guimarães e depois para Lisboa, e fez com que a base territorial da língua portuguesa se deslocasse do norte para o sul do rio Douro; essa é uma das razões da separação entre o português e o galego: as principais inovações sofridas pelo português, nos séculos seguintes, partiram do sul (Lisboa, Alentejo) e não conseguiram alcançar o extremo norte. Depois de gozar de relativa autonomia, tornando-se inclusive um reino independente, a região da Galiza, que havia sido o primeiro berço do português, acabou sendo incorporada à Espanha no final do século XV."
Ilari, Rodolfo. O português da gente: a língua que estudamos a língua que falamos. São Paulo: Editora Contexto, 2009.
Inovações do português a partir do século XVII
"A partir do século XVII, o português falado em Portugal conheceu algumas mudanças estruturais importantes, sobre as quais podem ser feitas duas observações de caráter geral: 1) elas partiram da região centro-sul de Portugal e acabaram prevalecendo praticamente em todo o território português; 2) elas não alcançaram a Galiza, e assim contribuíram para criar a distância que existe hoje em dia entre o português e o galego. Observemos mais de perto cada uma dessas inovações:
(1) como vimos, o português de 1500 contava com quatro sibilantes: as africadas /ts/ e /dz/ e as fricativas /s/ e /z/. Esse sistema de quatro sibilantes dava conta de distinguir na pronúncia palavras como:
/ts/ - /dz/ = aceite - azeite
/s/ - /dz/ = assar - azar
/ts/ - /s/ = cela - sela
/s/ - /z/ = cassa - casa
/ts/ - /z/ = caça - casa
/dz/ - /z/ = cozer - coser
No século XVII, completou-se a redução do quadro de quatro sibilantes às duas sibilantes fricativas atuais, /s/ e /z/; os falantes de algumas regiões de Portugal mantêm uma diferença na forma de realizar o /s/ e o /z/ conforme se originam de uma antiga fricativa ou de uma antiga africada, mas essa diferença é dialetal;
(2) o ditongo /ow/ que aparece em palavras como cousa e louco, louvar e na terminação de perfeitos do indicativo como achou e louvou sofreu, no século XVII, um processo de monotongação, passando a /o/. Em reação a esse processo, algumas palavras desenvolveram outro ditongo, /oj/, daí a alternância cousa/coisa, louro/loiro (mas não louvou / *louvoi), que é possível até hoje para algumas palavras;
(3) sempre no século XVII, desapareceu da língua a africada [tʃ], que se simplificou em [ʃ]. Essa mudança atingiu palavras como macho, chave, concha e Sancho, em que o dígrafo <ch> representava, anteriormente ao século XVII, o mesmo som que aparece nas palavras espanholas macho e (buena) dicha;
(4) já no século XVIII, a realização do /s/ e do /z/ em finais de sílaba e de palavras passou a "chiante", daí pronúncias como [maiʃ] e [aʒnʊ] para as grafias <mais> e <asno>. Como se sabe, essa pronúncia é a que prevalece no Brasil numa região que vai do Rio de Janeiro à Bahia e também na região Norte;
(5) a partir do século XVIII, o português europeu conheceu o que podemos chamar de "redução" das vogais átonas, um conjunto de fenômenos que atingiu esses fonemas tanto em posição pretônica como em posição final. Em posição final, /u/ e /o/ átonos confundiram-se na realização intermediária [ʊ] que vigora, até hoje, dos dois lados do Atlântico. Paralelamente, /e/ e /i/ passam a receber uma realização intermediária /I/, que prevalece até hoje no Brasil (pense-se na pronúncia do <e> final de palavras como <esse> e <perde>). Em Portugal, esse /I/ evoluiu em seguida para /ə/, uma vogal fechada e breve que é desconhecida dos brasileiros. Em posição pretônica, /e/ também evoluiu para /ə/ (<pessoa> pronunciado [pə`soa] e /o/ evoluiu para /u/ (criando uma pronúncia idêntica para as grafias <morada> e <murada>);
(6) no século XIX, os ditongos /ej/ e /e~j/ evoluem para /aj/ e /a~j/ (em português europeu corrente, bem pode rimar com mãe);
(7) idem a passagem de /e/ tônico a /a/ antes de palatal (como nas palavras <espelho>, nas quais o segundo <e> é pronunciado [a]);
(8) idem a difusão da realização uvular do "r forte".
De todos os fenômenos aqui enumerados, apenas os mais antigos (isto é, (1), (2) e (3)) são compartilhados por todas as variedades do português brasileiro. A pronúncia chiante do <s> e do <z> (4) finais é um fenômeno localizado (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e nas regiões Norte e Nordeste), o que já fez pensar que sua difusão se deu a partir do Rio de Janeiro, depois da instalação da corte de D. João VI. Já as mudanças descritas em (5), (6), (7) e (8) não passaram para o Brasil, e isso tem sido motivo para declarar que o português do Brasil é uma língua "mais antiga" ou "mais arcaica" - uma avaliação que é recorrente nos filólogos brasileiros.
De todas as mudanças do português europeu que o Brasil não acompanhou, as mais sensíveis são as que descrevemos em (5); em seu conjunto, elas contribuíram para enfraquecer as vogais átonas em face da vogal tônica, e isso dá ao português europeu uma prosódia particular e uma pronúncia em que sobressaem as consoantes. Explicam-se assim algumas impressões que os portugueses têm dos brasileiros, por exemplo, que "falam arrastado", e impressões que os brasileiros têm dos portugueses, por exemplo, que "falam mais rápido", "engolem sílabas e letras"."
Ilari, Rodolfo. O português da gente: a língua que estudamos a língua que falamos. São Paulo: Editora Contexto, 2009.
(1) como vimos, o português de 1500 contava com quatro sibilantes: as africadas /ts/ e /dz/ e as fricativas /s/ e /z/. Esse sistema de quatro sibilantes dava conta de distinguir na pronúncia palavras como:
/ts/ - /dz/ = aceite - azeite
/s/ - /dz/ = assar - azar
/ts/ - /s/ = cela - sela
/s/ - /z/ = cassa - casa
/ts/ - /z/ = caça - casa
/dz/ - /z/ = cozer - coser
No século XVII, completou-se a redução do quadro de quatro sibilantes às duas sibilantes fricativas atuais, /s/ e /z/; os falantes de algumas regiões de Portugal mantêm uma diferença na forma de realizar o /s/ e o /z/ conforme se originam de uma antiga fricativa ou de uma antiga africada, mas essa diferença é dialetal;
(2) o ditongo /ow/ que aparece em palavras como cousa e louco, louvar e na terminação de perfeitos do indicativo como achou e louvou sofreu, no século XVII, um processo de monotongação, passando a /o/. Em reação a esse processo, algumas palavras desenvolveram outro ditongo, /oj/, daí a alternância cousa/coisa, louro/loiro (mas não louvou / *louvoi), que é possível até hoje para algumas palavras;
(3) sempre no século XVII, desapareceu da língua a africada [tʃ], que se simplificou em [ʃ]. Essa mudança atingiu palavras como macho, chave, concha e Sancho, em que o dígrafo <ch> representava, anteriormente ao século XVII, o mesmo som que aparece nas palavras espanholas macho e (buena) dicha;
(4) já no século XVIII, a realização do /s/ e do /z/ em finais de sílaba e de palavras passou a "chiante", daí pronúncias como [maiʃ] e [aʒnʊ] para as grafias <mais> e <asno>. Como se sabe, essa pronúncia é a que prevalece no Brasil numa região que vai do Rio de Janeiro à Bahia e também na região Norte;
(5) a partir do século XVIII, o português europeu conheceu o que podemos chamar de "redução" das vogais átonas, um conjunto de fenômenos que atingiu esses fonemas tanto em posição pretônica como em posição final. Em posição final, /u/ e /o/ átonos confundiram-se na realização intermediária [ʊ] que vigora, até hoje, dos dois lados do Atlântico. Paralelamente, /e/ e /i/ passam a receber uma realização intermediária /I/, que prevalece até hoje no Brasil (pense-se na pronúncia do <e> final de palavras como <esse> e <perde>). Em Portugal, esse /I/ evoluiu em seguida para /ə/, uma vogal fechada e breve que é desconhecida dos brasileiros. Em posição pretônica, /e/ também evoluiu para /ə/ (<pessoa> pronunciado [pə`soa] e /o/ evoluiu para /u/ (criando uma pronúncia idêntica para as grafias <morada> e <murada>);
(6) no século XIX, os ditongos /ej/ e /e~j/ evoluem para /aj/ e /a~j/ (em português europeu corrente, bem pode rimar com mãe);
(7) idem a passagem de /e/ tônico a /a/ antes de palatal (como nas palavras <espelho>, nas quais o segundo <e> é pronunciado [a]);
(8) idem a difusão da realização uvular do "r forte".
De todos os fenômenos aqui enumerados, apenas os mais antigos (isto é, (1), (2) e (3)) são compartilhados por todas as variedades do português brasileiro. A pronúncia chiante do <s> e do <z> (4) finais é um fenômeno localizado (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e nas regiões Norte e Nordeste), o que já fez pensar que sua difusão se deu a partir do Rio de Janeiro, depois da instalação da corte de D. João VI. Já as mudanças descritas em (5), (6), (7) e (8) não passaram para o Brasil, e isso tem sido motivo para declarar que o português do Brasil é uma língua "mais antiga" ou "mais arcaica" - uma avaliação que é recorrente nos filólogos brasileiros.
De todas as mudanças do português europeu que o Brasil não acompanhou, as mais sensíveis são as que descrevemos em (5); em seu conjunto, elas contribuíram para enfraquecer as vogais átonas em face da vogal tônica, e isso dá ao português europeu uma prosódia particular e uma pronúncia em que sobressaem as consoantes. Explicam-se assim algumas impressões que os portugueses têm dos brasileiros, por exemplo, que "falam arrastado", e impressões que os brasileiros têm dos portugueses, por exemplo, que "falam mais rápido", "engolem sílabas e letras"."
Ilari, Rodolfo. O português da gente: a língua que estudamos a língua que falamos. São Paulo: Editora Contexto, 2009.
Você
"[...] entre os séculos XVI e XVII, a forma "você" cumpriu uma das principais etapas do processo pelo qual passou de expressão de tratamento a pronome. Como se sabe, "você" é, hoje, o principal pronome de segunda pessoa do português do Brasil, mas origina-se de uma antiga expressão de tratamento, Vossa Mercê, que, no século XIV, era usada de forma exclusiva para o rei. Da metade do século XV em diante, vossa mercê desaparece progressivamente nessa função e torna-se corrente no tratamento entre fidalgos; no século XVI, já reduzida a você, cai na boca do povo, fixando-se como pronome. O primeiro registro escrito da forma você é de 1666."
Ilari, Rodolfo. O português da gente: a língua que estudamos a língua que falamos. São Paulo: Editora Contexto, 2009.
VOSSA MERCÊ > VOSMECÊ > VOCÊ > OCÊ > CÊ
"Vossa Mercê era um tratamento dispensado aos reis. Com o desenvolvimento da burguesia, os novos-ricos quiseram esse tratamento para eles também. Indignado, o rei passou a reclamar Vossa Majestade para ele, lembrando decerto aos burgueses que uma forca tinha sido convenientemente erigida defronte ao paço, caso eles resolvessem repetir a gracinha.
De todo modo, Vossa Mercê e derivados era um tratamento cerimonioso, dado "pelos de baixo" "aos de cima". Veja como é a roda da fortuna: pois não é que o derivado você passou a ser no português brasileiro um tratamento de igual para igual? Para o tratamento cerimonioso, inventou-se o senhor/a senhora, com suas variantes sior, sor, seu/nhô, nhora, sua.
Em regiões brasileiras em que o tratamento tu continua vigente, o suo de você traz de volta o antigo distanciamento válido nos tempos imperiais. E onde o tu bateu em retirada, ele e seus derivados podem reaparecer quando se quer afetar distanciamento, como nesta bronca familiar: Olhe aí o que o teu filho aprontou! Eu te falei para vigiar esse menino!"
Castilho, Ataliba T. de. Pequena gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012.
Pronominais
"Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bem branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro"
Oswald de Andrade (1890 - 1954) é um dos mais significativos autores modernistas da literatura brasileira. Participou da Semana de Arte Moderna.
Mais sobre sua biografia e bibliografia:
http://www.releituras.com/oandrade_bio.asp
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bem branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro"
Oswald de Andrade (1890 - 1954) é um dos mais significativos autores modernistas da literatura brasileira. Participou da Semana de Arte Moderna.
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